Wednesday, March 21, 2007

Janas, Fadas, Elfos e Sereias

Nas ilhas Britânicas, a Jana ou Sácia latina e a Holda ou Perchta germânica tomam a forma da rainha dos elfos ou das fadas. Ginzburg anota julgamentos de mulheres e homens na Escócia do final do século XVI ao XVII que disseram ter-se encontrado com essa Rainha e seu consorte (ora um belo homem, ora um cervo - animal também ligado a Diana).

Na peça Sonho de Uma Noite de Verão, Shakespeare dá à Rainha o nome de Titânia, um nome dado pelo poeta romano Ovídios às filhas de Titãs em geral e a Selene - uma das formas de Diana - em especial. Já seu contemporâneo, Edmund Spenser, a chamou de Gloriana no poema The Faerie Queene, dedicado à rainha Elizabeth I.

Ao marido de Titânia, Shakespeare deu o nome inglês tradicional de Oberon, derivado do francês Auberon ou Alberon, que por sua vez vem do alemão Alberich, "rei dos elfos" - que na Canção dos Nibelungos é o rei dos anões que guarda o tesouro cobiçado e afinal conquistado por Siegfried.

A confusão entre elfos e anões pode parecer absurda para fãs de O Senhor dos Anéis de Tolkien e dos jogos de RPG, mas era perfeitamente natural para os povos nórdicos e germânicos. Seus elfos eram originalmente deuses menores da natureza e da fertilidade ou espíritos dos mortos.

Seu nome - Elf em inglês e alemão, Alv (macho) ou Älva (fêmea) em sueco - deriva de uma raiz indo-européia que significa "alvo, branco", mas o mais famoso dos autores de sagas vikings, Snorri Sturluson, garantiu, no século XIII, que há dois tipos de elfos: os ljósálfar, elfos de luz, que vivem no céu (num lugar chamado Álfheimr) e os svartálfar (elfos negros) ou dökkálfar (elfos da sombra), que vivem no subsolo. Estes últimos, segundo ele, são o mesmo que dvergar (anões, em inglês dwarves). O rei dos "elfos da sombra" é Völundr, deus ferreiro conhecido pelos saxões como Weyland e protótipo dos anões artesãos do folclore. Nada a ver com os orcs e uruk-hai de Tolkien, nem com os drows dos RPGs.

Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

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