Wednesday, October 25, 2006

A energia dos anjos, seja qual for a sua origem, nasce de um nível mais elevado, ou seja, é dotada de um maior grau de liberdade do que aquela dos demônios, cuja existência é mais determinada, mais fixa. Tomberg, reconhecendo isto, chega a dizer que é impossível gerar egrégoras benéficas porque "uma forma não é produzida pela radiação, apenas pela coagulação e condensação. Agora, o bem apenas irradia, nunca condensa. É sempre o mal que faz isto"

TOMBERG

"Existem hierarquias que são da 'esquerda' e que atuam dentro dos limites da lei, executando uma função estritamente justa na sua capacidade de acusadores e 'testadores' - enquanto de outro lado, existem os 'micróbios do mal' ou entidades artificialmente criadas por seres humanos encarnados. Essas últimas, são demônios cuja alma é uma paixão especial e cujo corpo é a totalidade das vibrações 'eletromagnéticas' produzidas por essa paixão. Esses demônios artificiais podem ser gerados por comunidades humanas - tais são os 'deuses' monstruosos dos Fenícios, Mexicanos e mesmo dos Tibetanos dos dias atuais. O Moloch de Canã, que exigia o sacrifício sangrento do primogênito, mencionado com tanta freqüência na Bíblia, não é uma entidade hierárquica - ou bom ou mal - mas sim uma egrégora maligna, isto é , um demônio criado artificialmente e de forma coletiva por comunidades humanas preenchidas com a força motivadora do medo."














A palavra "anjo" vem do grego angelos, significando "mensageiro"; o equivalente em hebraico, malakh possui exatamente a mesma conotação. Daí os anjos serem literalmente os mensageiros que transmitem os nossos pensamentos e intenções, assim como as de Deus. É lógico, como Steinsatz segue dizendo, existe o outro lado da moeda: "Assim como existem anjos santos e criados pelo sistema sagrado, também existem anjos destrutivos, chamados de demônios ou diabos que são emanações das conexão do homem com aqueles aspectos da realidade que estão opostos à santidade".
Nossa localização segue o eixo tempo/espaço, e é através dele que nos identificamos. Se ele torna-se necessário para nossa identificação como indivíduos, incorremos freqüentemente no erro de nos reconhecermos somente num eixo tempo / espaço muito restrito e de não nos localizarmos fora dele. Reconhecer e ampliar a visão do contexto em que vivemos torna-se tão importante ao conhecedor da psique humana quanto ampliar a visão daquilo que é de natureza intrínseca a todos nós. Se na natureza intrínseca existe algo de eterno, diante de um contexto localizado no tempo, existe modificação e movimento : fatos desencadeados um após o outro, e idéias que se alteram. As visões e concepções acerca do homem e do mundo se modificam ao longo do tempo e dos fatos. Neste sentido, o mundo está sempre sendo tecido. Embora permanecemos presos à concepção que nos localiza no tempo/espaço, habitamos muito pouco o tempo/ espaço em que vivemos, permanecendo alheios ao que acontece do outro lado do globo, e refratários a novas idéias que surgem.

Instituto Nokhooja
No fundamento das coisas, existem partículas elementares que podem exercer influências recíprocas instantâneas a longa distância, podendo-se considerar significativamente possuidoras de propriedades mentais e existir em estados que são, como escreveu Heisenberg, “não absolutamente reais, mas entre a ideia de uma coisa e uma coisa real.”


Anónimo

”ao procurar o invisível, encontramos, por detrás do mundo das aparências e dos fenómenos, o “arrière-monde” das leis que, em conjunto, constituem a ordem do mundo”.

Edgar Morin

Friday, October 13, 2006

Ary dos Santos




















Filhos dum deus selvagem e secreto
E cobertos de lama, caminhamos
Por cidades,
Por nuvens
E desertos.
Ao vento semeamos o que os homens não querem.
Ao vento arremessamos as verdades que doem
E as palavras que ferem.
Da noite que nos gera, e nós amamos,
Só os astros trazemos.
A treva ficou onde
Todos guardamos a certeza oculta
Do que nós não dizemos,
Mas que somos.

Michel Fugain

Diz sim ao mestre, vírgula;
ele é o mestre, vírgula;
tu estás na terra, sem vírgula,
para te submeteres ou para te calares.
Vamos, repete:
Diz sim ao mestre, o mestre já te disse para pores a pinta no i. Ele é o mestre. E o m, desta vez sem maiúscula, importante, lembra-te, vírgula. Tu estás na Terra, um e e dois rr, para te submeteres. A quem? Ao mestre, c'os diabos ou para te calares, cala-te. Cuidado com os dedos e ponto final, meu menino, atenção à tua nota.
Repete: Diz sim ao mestre... Diz sim ao mestre...
A verdade ensina-a ele nos seus ditados. Escutem, respeitem o mestre. Ele tem... ele sabe, ele pensa logo seguimo-lo, invejamo-lo, porque ele é o mestre. Ele sabe tudo, ele pensa por nós. É o guardião seguro da nossa cultura. Nós somos imbecis ele é o evangelho. Filhinho, é preciso escutá-lo, se não, onde vamos parar?
Repete: Diz sim ao mestre...

PABLO NERUDA














Se cada dia cai,
dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira do poço
da sombra
e pescar luz caída com paciência.

Saturday, October 07, 2006

SOSHI















O homem perfeito usa a sua mente como um espelho. Ela nada aprisiona e nada recusa. Recebe mas nao conserva.

Wednesday, October 04, 2006

AGOSTINHO DA SILVA

Características do que houver no Sagrado: Criança como a melhor manifestação da Poesia pura e como inspiradora e suporte e incitadora a ser criança de todos os que existam. O gratuito da vida. A plena liberdade de todo o ser.

SER E NÃO SER SÃO A CHAVE DO SER.

Com toda vontade de lhe ser fiel.

carta

Queridos Amigos,

Parece que tôda a gente está de acôrdo em que o mundo inteiro se encontra em crise. Como isto me parece demasiado vasto para eu poder ser util, decidi que sou eu quem está em crise e talvez consiga sair dela com três princípios: O de me ver livre do supérfluo, o de não confundir o verbo amar com o verbo ter, o de prestar voto de obediência ao que for servir, não mandar. Nestes termos comunica a todos os Amigos que não imporei a ninguém a leitura de textos meus, a começar pelas Folhinhas, e que só responderei a quem me escreva, pedindo ( para aumentar o supérfluo...) que cada carta venha com selinho de resposta, mas um apenas, para me não obrigar a escrituração administrativas. Para tudo o que fordes e fizerdes rogarei perfeito empenho e boa sorte, bom vento de navegar.

Setembro de Lua Cheia e de 93.
“ (…) Apesar de todas as amizades, sempre na vida estamos sozinhos; o que é mais grave, mais doloroso, exactamente como o que é mais belo, passa-se apenas connosco. Entre um homem e outro homem há barreiras que nunca se transpõem. Só sabemos, seguramente, de uma amizade ou de um amor: o que temos pelos outros. De que os outros nos amem nunca poderemos estar certos”.
(Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, VII, edição da Ulmeiro, 1990)
“Se você não pode amar, não ame; seja simples, seja humilde, faça calmo o seu trabalho, e deixe o resto. O amor é uma criação de beleza, como a pintura e a música; reserva-se a raros ser Ticiano ou Greco ou Mozart ou Bach; reserva-se a raros o privilégio de amar”.
(Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, V, edição da Ulmeiro, 1990)
“Admirar a Natureza e não admirar a mulher que é a sua obra mais bela e não a admirar, querendo-a, em tudo o que ela é, espírito e corpo, é ser um poeta que faltou, na sua alma, à amplitude do mundo. O primeiro dever diante de uma mulher é ser um fogo que arde e um coração que se vigia”.
(Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, IV, edição da Ulmeiro, 1990)
“Cada vez vou sentindo mais que se não pode perceber o que seria essencial perceber, mas procedo sempre como se estivesse convencido do contrário, ou, por outras palavras, não renuncio”.
(Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, III, edição da Ulmeiro, 1990)

AMA(S)

“Quem fala de Amor não ama verdadeiramente: talvez deseje, talvez possua, talvez esteja realizando uma óptima obra literária, mas realmente não ama; só a conquista do vulgar é pelo vulgar apregoado aos quatro ventos; quando se ama, em silêncio se ama: às vezes o sabe a mulher amada, mas creio até que num amor que fosse pleno, em que nada entrasse das preocupações da terra, nem ela o saberia”.
(Agostinho da Silva, “Sete Cartas a um Jovem Filósofo – Seguidas de Outros Documentos para o Estudo de José Kertchy Navarro”, I, II, edição da Ulmeiro, 1990)
“Deus aspira a que o deixem em descanso, a que não digam nada sobre ele, a que não discutam se existe se não existe, se mais vale pelo amor ou pela acção, como se importasse alguma coisa a Deus amar ou agir (…) Diria então que um Deus não surpreendido no seu acto de manipular, ou não manipulado, seria essencialmente um Deus que se esconde. Não podia dizer nada sobre ele, nem de bem nem de mal, não lhe fixaria nenhum atributo, pois que os atributos que pregamos em Deus são apenas os rótulos de preço, preparação de uma venda de Deus a nós próprios e aos outros; quem não precisa de dinheiro, vendendo-se, forma habitual de se conseguirem recursos, ou vendendo, não põe etiquetas em Deus; conserva-o limpo e, por intrínseco, esquecido, ou escondido a seus olhos, ou aos olhos alheios e não apenas olhem, os meus, o mundo, a que, por fantasia, empresto olhos idênticos aos meus. Deus se esconderia, Deus está oculto, de Deus, ao a quem não rezo, nada posso dizer; do outro, daquele a quem rezo, todo eu sou palavras”.
(Agostinho da Silva, “Ir à Índia Sem Abandonar Portugal; Considerações; Outros Textos”, 3, 1, edição da Assírio & Alvim, Lisboa, 1994)
“Não ousou o homem pôr a maldade entre os atributos de Deus e pecou primeiramente porque foi estreito; e de novo pecou porque foi tímido. Consolava-o a ideia de uma protecção sempre possível e a mente, que não se levantava ao total, só pôde conceber a explicação infantil e ilógica dos dois demiurgos. Fugimos da aspereza e erguemos um palácio de fadas, esplêndido e seguro, mas enervante e mole; tememos a vida e a vida se vingou.
“Restituamos a Deus toda a sua grandeza; reconheçamos o seu poder na violência e no terror; tenhamos por divino o abaixamento destes tempos; emana Caim do espírito supremo – como Abel; não tiremos a Deus o que temos como ideal superior: a vontade do progresso; não o despojemos, por interesse egoísta, do prazer de marchar, não lhe dêmos em troca da variedade que roubamos a monotonia a que aspira a alma baixa”.
(Agostinho da Silva, “Ir à Índia Sem Abandonar Portugal; Considerações; Outros Textos”, 2, 24, edição da Assírio & Alvim, Lisboa, 1994)

Ir á Índia sem abandonar Portugal

“O mal que se vê é aguilhão para o bem que se deseja; e quanto mais duro, quanto mais agressivo, se bate em peito de aço, tanto mais valioso auxiliar num caminho de progresso; o querer se apura, a visão do futuro nos surge mais intensa a cada golpe novo; o contentamento e a mansa quietude são estufa para homens; por aí se habituam a ser escravos de outros homens, ou da cega natureza; e eu quero a terra povoada dos rijos corações que seguem os calmos pensamentos e a mais nada se curvam”.

Agostinho da Silva

AGOSTINHO DA SILVA

“ (…) O mestre não se fez para rir; é de facto um mestre aquele de que os outros se riem, aquele de que troçam todos os prudentes e todos os bem estabelecidos; pertence-lhe ser extravagante, defender os ideais absurdos, acreditar num futuro de generosidade e de justiça, despojar-se ele próprio de comodidades e de bens, viver incerta a vida, ser junto dos irmãos homens e da irmã natureza inteligência e piedade; a ninguém terá rancor, saberá compreender todas as cóleras e todos os desprezos, pagará o mal com o bem, num esforço obstinado para que o ódio desapareça do mundo; não verá no aluno um inimigo natural, mas o mais belo dom que lhe poderiam conceder (…) ”.
(Agostinho da Silva, “Ir à Índia Sem Abandonar Portugal; Considerações; Outros Textos”, 2, 15, edição da Assírio & Alvim, Lisboa, 1994)