Wednesday, December 07, 2005

Rosas pálidas
















Judith Teixeira, 1925

Rosas pálidas

Ó anémicas! ó pálidas!
Ausentou-se o sangue
Das vossas veias delicadas...
Ó sombras vagas
Duma vida exangue!
Ó virgens aladas!...

Nunca pode encantar-me essa candura
da vossa serena
brancura.
E jamais eu tive
um amplexo de amor
em que no meu peito
se esmagasse
a vossa carne de chorosa Madalena
sem gritos e sem cor...

Ó flébeis, doentias!
- o meu olhar procura a ardência
forte e colorida
das vossas irmãs
rubras e sadias!...
A vida é beijada pelo sol
e ungida pela dor!

Deixai que o sol fecunde o vosso seio...
E que o vento vos beije
em convulsões brutais,
em convulsões pagãs!
A luxúria, ó pálidas irmãs,
é a maior força da vida!
Sensualisai pois! A vossa carne
Arrefecida...
Ó brancas, imaculadas!
Ó virgens inúteis
e decepadas...

In Judith Teixeira, Poemas, (Lisboa: &etc), 1966, pp. 163-64;

No comments: