Saturday, February 11, 2006
TEUS OLHOS COR DE MEL
Das palavras que trazes afogadas,
Das tuas mãos de flor, olhos de mel,
Dos teus cabelos lisos as cores das madrugadas.
A tua joia cintilante são os doentes.
Do teu andar vem a fúria bater-te.
Dos teus gestos que fazes sentes.
Onde estivermos há-de estar o vento.
Nú na chuva e no fogo.
Herois castrados e malditos, combatemos.
Todos sofremos,
Os estilhaços dos ferros ocultos
O mesmo sal que foi feito do mesmo sangue,
E todos dormimos como putos.
E na chama das nossas mesas esqueçemos.
Tu me dirás, flor que nós existimos.
Tu me dirás, flor que nascemos das árvores.
Que viémos, amámos e partimos
No teu perfume raro nasce a palavra do nada.
Tu que me dizes flor, e no vento sorrimos
A esta semente selvagem.
E no silêncio canto a dureza da montanha de lava.
Penso no colar das tuas horas.
E o casulo, também o teu encanto
E no colo do meu silêncio tu choras.
Volta outra vez ao mundo para eu poder dormir.
Devoro as minhas lágrimas e o medo,
Enquanto a fome me doi.
Volta outra vez ao mundo para tu sorrires.
Teus olhos de boa artesã,
Eu poeta das cores
Tu flor a esperança do amanhã.
Morro aos poucos de ternura,
E a minha aventura o caldo da minha infância,
Certo é os teus olhos são a tua cura.
Neste social baile dos malditos,
Pareces estar tão longe e estás tão perto.
Forjo as cores e as formas num silêncio de gritos.José Pires
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8 comments:
"Penso no colar das tuas horas.
E o casulo, também o teu encanto
E no colo do meu silêncio tu choras".
"TEUS OLHOS COR DE MEL"
Ao belo nada se lhe pode acrescentar!
A beleza deste poema... as palavras ficam por dizer...
Beijinhos
Belissimo este poema.
Beijinho
que alma vê o poeta se não a sua reflectida em outros olhos?...
:)*
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